Gil, Chico, Caetano e Djavan lideram protesto musical contra PEC da Blindagem em Copacabana

Gil, Chico, Caetano e Djavan lideram protesto musical contra PEC da Blindagem em Copacabana

Na tarde de , Gilberto Gil, Chico Buarque, Caetano Veloso e Djavan reuniram‑se no Hotel Windsor, em Copacabana, Rio de Janeiro, para gravar um clipe que antecederia o grande Protesto Musical em CopacabanaPraia de Copacabana. O objetivo? denunciar a PEC da Blindagem, aprovada na Câmara dos Deputados em 16 de setembro, que pode tornar quase impossível a responsabilização judicial de parlamentares.

Contexto da PEC da Blindagem e da PL da Anistia

A emenda constitucional, oficialmente denominada Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 226/2025, foi votada em sessão secreta e estabelece que qualquer processo judicial contra um deputado ou senador dependerá de aprovação prévia do Congresso, além de ampliar o foro privilegiado aos presidentes de partidos. Segundo análise da Poder360, a medida “quase anula os caminhos para punir judicialmente um congressista”. Ao mesmo tempo, o Projeto de Lei da Anistia (PL 4.527/2025) traz propostas de perdão amplo a crimes políticos, alimentando o receio de impunidade.

Detalhes do protesto em Copacabana

O espetáculo começou por volta das 18h, quando Jorge Vercillo abriu a noite com um samba‑de‑raiz que rapidamente se transformou num clima de resistência. Em seguida, a nova geração – Marina Sena, Maria Gadú, Lenine e Paulinho da Viola – subiu ao palco improvisado, fazendo um mashup de clássicos da MPB com letras adaptadas ao debate atual.

Quando chegou a vez do quarteto lendário, Gil, Chico, Caetano e Djavan cantaram Equador – música de Djavan que fala de justiça social – seguida de Cálice, o hino disfarçado de protesto escrito pelos mesmos dois artistas durante a ditadura militar (1971). O Instagram da conta @hugogloss descreveu o momento como "histórico", destacando a força simbólica de ouvir a canção proibida em 1971 ser entoada novamente diante de uma proposta que ameaça a própria responsabilidade dos representantes eleitos.

  • Participantes: cerca de 5 mil pessoas, segundo cobertura da UOL Splash.
  • Local: Praia de Copacabana, Rio de Janeiro.
  • Data: 21/09/2025, início às 18h.
  • Canções principais: Equador, Cálice, Divino, maravilhoso (verso "é preciso estar atento e forte").

Reações dos artistas e do público

Depois do show, Chico Buarque concedeu entrevista à CNN Brasil e afirmou que "não podemos ficar calados quando se ameaça a democracia". Caetano Veloso, que também sofreu censura na época da ditadura, ressaltou a importância de preservar a memória: "Cantar ‘Cálice’ hoje é lembrar que a arte sempre foi nossa arma mais poderosa".

Djavan, ao lado de Lenine, destacou a necessidade de unir diferentes gerações: "A música tem o poder de atravessar décadas e conectar quem luta por justiça hoje com quem lutou ontem". O público, majoritariamente jovem, respondeu com aplausos, cantos e cartazes pedindo a revogação da PEC.

Impacto político e cultural

Impacto político e cultural

A imprensa mostrou que a mobilização gerou pressão nas comissões da Câmara dos Deputados. Deputados de oposição relataram que o protesto “acendeu a chama” nas discussões internas, enquanto membros do governo tentaram minimizar a repercussão, alegando que o texto ainda passará por votação no Senado.

Do ponto de vista cultural, o evento reforçou o papel da MPB como voz da resistência. Historicamente, músicas como Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores (Geraldo Vandré) e Apesar de Você (Chico Buarque) marcaram momentos de protesto. O retorno de Cálice ao palco simboliza um ciclo de memória que se repete a cada ameaça ao Estado de Direito.

Próximos passos e desdobramentos

Com a PEC já aprovada na Câmara, o próximo obstáculo é o Senado, que deve analisar o texto nos próximos dias. Organizações da sociedade civil anunciaram que irão organizar novos atos em capitais como São Paulo e Brasília, mantendo a pressão.

Enquanto isso, o próprio grupo de artistas planeja um tour de apresentações gratuitas em universidades, usando a música como ferramenta de debate cívico. Uma das ideias é criar um podcast que explique a história da censura na ditadura e a atual tentativa de blindar parlamentares.

Histórico de protestos musicais no Brasil

Histórico de protestos musicais no Brasil

Desde a década de 1960, músicos têm sido protagonistas de lutas sociais. A censura da ditadura militar (1964‑1985) acabou por tornar canções de resistência símbolos permanentes. Nos últimos anos, artistas como Emicida e BaianaSystem usaram o rap e o axé para denunciar a violência policial, provando que a tradição continua viva.

O protesto de Copacabana, portanto, não é um evento isolado, mas parte de um longo legado onde a música serve como termômetro da democracia brasileira.

Perguntas Frequentes

Como a PEC da Blindagem pode afetar a punição de parlamentares?

A proposta exige que qualquer processo judicial contra deputado ou senador seja aprovado previamente pelo Congresso, em voto secreto. Isso cria um obstáculo burocrático que pode impedir a abertura de investigações, reduzindo a eficácia de órgãos como o Ministério Público.

Quem participou do protesto musical na Praia de Copacabana?

Além dos ícones Gilberto Gil, Chico Buarque, Caetano Veloso e Djavan, subiram ao palco Jorge Vercillo, Marina Sena, Maria Gadú, Lenine, Paulinho da Viola e o coletivo Os Garotin, formando um elenco que mesclou gerações e estilos.

Qual a importância de cantar "Cálice" neste contexto?

"Cálice" foi censurada em 1971 por criticar a ditadura militar. Reapresentá‑la durante o protesto contra a PEC simboliza a continuidade da resistência cultural e lembra que a liberdade de expressão já foi ameaçada antes.

Qual o próximo passo legislativo para a PEC?

Agora o texto segue para o Senado, que deve deliberar nas próximas semanas. Se aprovado, a proposta será encaminhada ao Presidente da República para sanção ou veto.

Como a sociedade civil tem reagido ao protesto?

Organizações como Transparência Brasil e a Anistia Internacional anunciaram novas mobilizações em outras capitais e lançaram campanhas digitais para pressionar os parlamentares a rejeitar a emenda.

5 Comentários

Fabiana Gianella Datzer
outubro 12, 2025 Fabiana Gianella Datzer

Parabéns a todos os artistas que, com coragem, elevaram a MPB a mais uma luta democrática. 🌟 A união entre gerações demonstra que a cultura ainda é a principal arma contra a tirania. É imprescindível que a sociedade civil continue acompanhando o debate e cobrando transparência dos parlamentares. 🎶 Que esse protesto inspire outras cidades a organizar manifestações semelhantes. O futuro da nossa democracia depende da participação ativa de cada cidadão. 🙏

Bárbara Dias
outubro 13, 2025 Bárbara Dias

É, evidentemente, o caso de uma elite cultural que se acha acima da compreensão popular; todavia, ao entoar clássicos como “Cálice”, demonstra‑se, paradoxalmente, a urgência de um discurso simplório, porém eficaz. A elegância da protesto não está nos rótulos, mas sim na coerência de suas palavras.

Paulo Viveiros Costa
outubro 13, 2025 Paulo Viveiros Costa

cê não pode ficar de braços cruzados enquanto a galera tenta blindar os políticos. é um absurdo que a justiça seja colocada em caixinha de papelão. a gente tem que cobrar, sem dó nem piedade. quem pensa que tudo isso é só rock’n’roll tá muito enganado. cidadania, rapaziada, tem que ser levada a sério.

Janaína Galvão
outubro 13, 2025 Janaína Galvão

A verdade, que poucos ainda ousam admitir, está bem ali, nas entrelinhas da PEC da Blindagem, um plano claramente orquestrado pelos próprios poderes para silenciar o povo. Não se enganem: o discurso de “responsabilidade” é, na realidade, uma capa para a impunidade; e cada nota musical entoada por Gil, Chico, Caetano e Djavan é um sinal de resistência contra essa agenda oculta. Atenção, porque o controle da narrativa já está sendo manipulado pelos bastidores do Congresso! 💥

Glaucia Albertoni
outubro 13, 2025 Glaucia Albertoni

Olha só, nada como um show de protesto pra lembrar que né, a gente tem talento pra cantar e também pra reclamar. 🙃 Mas sério, se continuarem a “blindar” os parlamentares, vamos precisar de mais do que só música, vai precisar de ação real. Continuem firme, porque o som já está lá, falta só o eco das decisões corretas. 🎤💪

Escreva um comentário