Ambipar lança Green Notes de US$ 750 mi; JBS muda acionistas e Irani fecha crédito de R$ 250 mi

Quando Ambipar aprovou, nesta quinta‑feira, 1º de fevereiro de 2024, a precificação de Green Notes no valor de US$ 750 milhões, o mercado brasileiro ganhou mais um marco de captação internacional.
O título foi emitido pela subsidiária luxemburguesa Ambipar Lux S.À R.L., com rendimento anual de 9,875 % ao ano, prazo de sete anos e vencimento em 6 de fevereiro de 2031.
Segundo Paulo Arruda, executivo‑chefe da empresa, a operação "nos permite rolar dívidas entre 2025 e 2028 e ainda financiar projetos verdes certificados pela Standard & Poor's".
Contexto do mercado de dívida internacional
Nos primeiros dias de janeiro, empresas brasileiras buscaram capital fora do país, impulsionadas por juros domésticos ainda elevados. A JBS já havia anunciado US$ 1,75 bilhão em bonds, o Bradesco levantou US$ 750 milhões e a Usiminas garantiu US$ 500 milhões.
Entretanto, a volatilidade dos mercados – tanto interno quanto externo – fez com que muitas companhias adiassem suas colocações, esperando uma janela mais estável até a segunda quinzena de fevereiro, quando os resultados de 4º trimestre começam a ser divulgados.
Detalhes da oferta de Green Notes da Ambipar
A emissão foi estruturada por Bank of America, Bradesco BBI e UBS, atuando como bookrunners conjuntos. O fechamento está previsto para 5 de fevereiro de 2024.
O rating atribuído pela Fitch Ratings foi "BB‑", refletindo a forte posição da Ambipar no segmento de serviços ambientais, potencial de crescimento e diversificação geográfica da receita, mas alertando para o alto endividamento e a pressão do custo da dívida sobre o fluxo de caixa.
Os recursos líquidos deverão ser usados em duas frentes: refinanciamento de obrigações financeiras existentes, melhorando a alavancagem, e financiamento de investimentos verdes que atendam aos critérios de elegibilidade da Standard & Poor's.
Reações de analistas e rating
Analistas de bancos de investimento observaram que o prazo de sete anos “é incomum no mercado doméstico” e que a Ambipar está aproveitando a oportunidade para alongar seus vencimentos, reduzindo o risco de refinanciamento em 2025‑2028.
Já a Fitch destacou que, apesar do rating "BB‑", a empresa tem “potencial de upgrade” caso consiga manter a geração de caixa e reduzir o custo da dívida nos próximos anos. A nota também aponta para a necessidade de melhorar a liquidez, já que o pagamento de juros consome cerca de 30 % da geração de caixa operacional.

Impactos para a estrutura de capital e projetos verdes
Ao substituir dívidas de curto prazo por um título de longo prazo, a Ambipar projeta um aumento de 15 % na duração média da sua dívida corporativa. Isso deverá gerar um alívio imediato na necessidade de rolagens frequentes.
Do ponto de vista ambiental, os Green Notes abrem a porta para financiar projetos como tratamento de resíduos industriais, despoluição de bacias hidrográficas e tecnologias de captura de carbono. A certificação da Standard & Poor's garante que os recursos serão aplicados em iniciativas que realmente reduzem a pegada de carbono.
Outras movimentações corporativas no mesmo dia
Além da Ambipar, a Irani Papel e Celulose S.A. aprovou a contratação de uma linha de crédito de R$ 250 milhões, destinada a reforçar o capital de giro e investimentos em expansão de capacidade produtiva.
A gigante de carnes JBS comunicou uma mudança relevante na composição acionária, embora detalhes dos novos acionistas não tenham sido divulgados.
Já a Petrobras recebeu R$ 1,819 bilhão em dinheiro referente ao earn‑out da exploração dos blocos Sépia e Atapu em 2023. A companhia também participou de reuniões com o governo federal e empresas aéreas, mas não precisou revelar informações adicionais sobre preços de querosene de aviação.
Vale lembrar que, em setembro de 2024, a Ambipar foi a primeira empresa privada da América Latina a conquistar a classificação "green equity" da B3, certificação conferida pela Standard & Poor's. Essa conquista a coloca ao lado da Sabesp, a única outra companhia brasileira com o selo, embora esta ainda fosse estatal na época da certificação.
Com a nova emissão, a Ambipar consolida sua estratégia de combinar crescimento sustentável e gestão financeira prudente, sinalizando que pretende continuar liderando o segmento de soluções ambientais no país.
Perguntas Frequentes
Como os Green Notes da Ambipar afetam o setor de dívida verde no Brasil?
A emissão demonstra que empresas brasileiras podem acessar mercados internacionais com títulos sustentáveis, incentivando outras companhias a seguir o mesmo caminho. Isso amplia a oferta de ativos verdes e pode melhorar as condições de financiamento para projetos ambientais no país.
Qual o papel da Fitch Ratings na avaliação dos Green Notes?
A Fitch atribuiu o rating "BB‑" à emissão, indicando que, embora a Ambipar tenha boas perspectivas de crescimento e diversificação, ainda enfrenta desafios como alto endividamento e consumo de caixa para pagamento de juros.
Quais projetos verdes podem ser financiados com os recursos obtidos?
Os recursos podem ser direcionados a iniciativas como tratamento de resíduos industriais, restauração de bacias hidrográficas, desenvolvimento de tecnologias de captura e armazenamento de carbono e expansão de soluções de coleta e reciclagem em todo o território nacional.
O que a mudança acionária da JBS significa para o mercado de carnes?
Embora os detalhes ainda não sejam públicos, mudanças de acionistas costumam sinalizar reestruturações estratégicas ou entrada de investidores com novas diretrizes, o que pode trazer impactos na governança e nos planos de expansão da empresa.
Por que a Irani precisou de uma linha de crédito de R$ 250 mi?
A Irani busca reforçar seu capital de giro e apoiar projetos de expansão de produção de celulose, garantindo liquidez para atender a demandas de mercado e potenciais investimentos em tecnologia e sustentabilidade.
8 Comentários
outubro 9, 2025 Verônica Barbosa
A Ambipar está vendendo dívida verde e o Brasil merece mais respeito.
outubro 9, 2025 Willian Yoshio
Achei interessante ver a Ambipar entrando no mercado internacional de green notes.
A taxa de 9,875% parece alta, mas talvez compense o prazo longo.
Será que essa estratégia vai melhorar a liquidez ou só vai aumentar o risco de endividamento?
O mercado ainda está volátil, então fica a dúvida se o timing foi ideal.
outubro 9, 2025 Cinthya Lopes
Oh, a Ambipar decidiu brincar de banco agora, que novidade!
Um título de sete anos com rating BB‑? Que ousadia poética.
Aparentemente, a ‘verde’ não é só a cor do papel, mas também da conta bancária.
Se o objetivo era financiar projetos ecológicos, espero que não seja só para comprar árvores de plástico.
Vamos esperar o upgrade de rating como quem espera o próximo episódio de série ruim.
outubro 9, 2025 Fellipe Gabriel Moraes Gonçalves
Boa sacada da Ambipar, né?
Eles conseguem juntar grana pro meio ambiente e ainda aliviam a dívida.
Se tudo correr bem, vai ser bom pra todo mundo.
outubro 9, 2025 Rachel Danger W
Essa emissão de Green Notes parece ter mais camadas que um iceberg.
Não podemos descartar que grandes fundos estrangeiros estejam usando isso pra controlar nossa política ambiental.
A Fitch deu BB‑, mas quem realmente manda são os investidores silenciosos.
Fica a vigilância, porque a ideia verde pode ser só fachada.
outubro 9, 2025 Davi Ferreira
Excelente passo rumo a uma economia mais sustentável!
A Ambipar mostra que é possível alinhar crescimento e responsabilidade ambiental.
Vamos torcer para que esse modelo inspire outras empresas brasileiras.
outubro 9, 2025 Marcelo Monteiro
É curioso observar como o mercado de dívida corporativa adota rótulos ecológicos com a mesma facilidade que troca de roupa.
A Ambipar, ao emitir Green Notes, parece estar tentando transformar seu perfil de risco em um slogan de marketing.
Ainda que a estrutura de juros seja atrativa, o rating BB‑ indica que os analistas mantêm uma cautela bem fundamentada.
A estratégia de alongamento do prazo pode, de fato, reduzir a necessidade de rollovers, mas também expande a exposição ao custo de capital ao longo de sete anos.
Sem dúvida, a transparência da destinação dos recursos será crucial para validar a ‘versão verde’ da operação.
Aguardemos os relatórios de monitoramento da Standard & Poor's para confirmar se os projetos verdes são realmente implementados.
outubro 9, 2025 Jeferson Kersten
A proposta é financeiramente sólida, porém o rating BB‑ revela vulnerabilidades significativas.
O custo de juros de quase 10% compromete uma parcela considerável do fluxo de caixa.
É fundamental que a Ambipar demonstre disciplina na alocação dos recursos para evitar deterioração da alavancagem.
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