Fachin assume STF e promete renovação do Judiciário em momento crítico

Quando Luiz Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal assumiu a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) na manhã de , o país sentiu um misto de alívio e preocupação. A posse ocorreu num cenário de fortes tensões institucionais, com processos críticos ainda em curso e a população observando cada passo da corte.
Contexto da renovação do Judiciário
O novo presidente sucede Roberto Barroso, que deixou o cargo após dois anos marcados por decisões polêmicas. Ao seu lado, Alexandre de Moraes assume a vice-presidência, garantindo continuidade em algumas linhas de ação. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) também passa a ficar sob a alçada de Fachin, ampliando seu alcance para questões administrativas e orçamentárias da magistratura.
Segundo Luiz Fernando Casagrande Pereira, presidente da OAB Paraná e ex‑aluno do ministro, "Fachin representa um movimento de confiança para a renovação do Judiciário brasileiro". Pereira enfatiza que, num momento de "tensão institucional", o país precisa de coragem, responsabilidade e, sobretudo, esperança.
Detalhes da posse e atribuições
A cerimônia ocorreu no Palácio da Justiça, em Brasília, e contou com a presença de todos os demais ministros, presidentes de tribunais superiores e representantes de entidades civis. Durante o juramento, Fachin relembrou seu trajeto nas fileiras da advocacia: "Jamais se esqueça de que o Judiciário serve à sociedade, não a si mesmo". Ele também tocou no desafio de romper com o que o professor Conrado Hubner Mendes, da Universidade Federal do Paraná, descreve como "o fechamento corporativo" que tem afastado o poder judiciário da realidade do cidadão.
O ministro declarou que sua prioridade será "reestabelecer a credibilidade da corte, rompendo a espiral corporativista que tanto tem corroído a imagem da Justiça". Em poucas palavras, mas carregadas de peso, ele prometeu "não ceder a agressões contra a Constituição".
Processos pendentes: o caso Bolsonaro e os núcleos da tentativa de golpe
A posse coincidiu com a fase decisiva dos julgamentos ligados à tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023. O ex‑presidente Jair Bolsonaro já foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão, mas ainda restam três núcleos operacionais que alimentam a trama.
- Núcleo 1: já resultou na condenação de oito militares e civis; apelações previstas para outubro de 2025.
- Núcleo 2: ainda em fase de coleta de provas; julgamento estimado para dezembro de 2025.
- Núcleo 3: foco em figuras de apoio logístico; audiência programada para novembro de 2025.
O 1º Painel do STF, presidido por Cristiano Zanin, lidera a condução dos processos. A expectativa é que todos os julgamentos terminem ainda em 2025, evitando que o assunto domine o calendário eleitoral de 2026.

Reações de atores institucionais
Organizações de direitos humanos elogiaram a escolha de Fachin, destacando seu histórico de combate à intolerância. "A postura firme contra o autoritarismo é essencial para preservar a democracia", disse Ana Lúcia da Amnesty International Brasil.
Já representantes de movimentos conservadores expressaram ceticismo, alegando que a "linha dura" do novo presidente poderia prejudicar decisões que beneficiam o setor. “Esperamos que o STF continue a respeitar a vontade popular”, afirmou João Alves, porta‑voz da Aliança Conservadora Nacional.
Desafios e perspectivas para a presidência de Fachin
Um dos maiores testes será equilibrar a necessidade de renovação do Judiciário com a manutenção da estabilidade institucional. O ministro já sinalizou que pretende impulsionar reformas no código de remuneração dos magistrados e abrir canais de diálogo direto com a sociedade civil.
Além disso, a gestão do CNJ trará questões como a digitalização dos processos, a redução de filas e a transparência orçamentária. Fachin afirmou que "a tecnologia pode ser nossa aliada mais poderosa para tornar a justiça mais ágil e menos burocrática".
Seus críticos lembram que a experiência prática não garante mudanças de cultura. O professor Conrado Hubner Mendes avisa: "A crítica está certa, mas transformar mentalidades corporativas leva tempo e requer vontade política além de iniciativa judicial".
Em síntese, a nova direção do STF caminhara sob o olhar atento de quem quer ver o Brasil mais justo, mas também sob o peso de decisões que podem definir o rumo da política nacional nos próximos anos.
Perguntas Frequentes
Como a posse de Fachin pode impactar a conclusão dos processos contra Bolsonaro?
Fachin prometeu acelerar a tramitação dos julgamentos pendentes, buscando concluir todos os núcleos operacionais até o final de 2025. Essa agenda visa impedir que os processos dominem o debate eleitoral de 2026, ao mesmo tempo em que garante o direito de recurso aos réus.
Qual é a relação de Fachin com a OAB e por que isso importa?
Fachin teve uma trajetória estreita com a OAB Paraná, atuando em comissões e no Conselho da Seção. Essa proximidade gera confiança entre advogados, que veem no ministro um representante sensível às demandas da classe e, possivelmente, mais aberto a reformas que facilitem o acesso à justiça.
Quais reformas o novo presidente do STF pretende avançar no CNJ?
Entre as propostas estão a digitalização completa dos processos judiciais, a revisão dos critérios de remuneração dos magistrados e a implementação de um portal de transparência que mostre detalhadamente o orçamento da Justiça em tempo real.
Como a comunidade jurídica tem reagido à postura de Fachin contra a intolerância?
A maioria das associações de advogados elogiam a firmeza de Fachin em defender a Constituição e repudiar excessos. Contudo, setores conservadores alertam para possíveis excessos em decisões que podem ser vistas como “interferência” nas questões políticas.
O que o especialista Conrado Hubner Mendes espera da nova gestão do STF?
Mendes ressalta que romper com o "fechamento corporativo" é essencial, mas avisa que a mudança de cultura institucional é um processo longo. Ele sugere que Fachin combine firmeza nas decisões com iniciativas de diálogo permanente com a sociedade.
1 Comentários
setembro 29, 2025 Raphael Dorneles
Vamos em frente, a renovação é possível se mantivermos a postura colaborativa.
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