Em 1º de março de 2032, o tradicional RG brasileiro perderá sua validade oficial — e não será mais aceito como documento de identidade em qualquer órgão público ou privado. O prazo foi estabelecido pelo Ministério da Gestão e da Integridade (MGI) por meio do Decreto Federal nº 10.977/2022, que dá início à transição para a nova Carteira de Identidade Nacional (CIN). Mas não se apresse: ninguém precisa correr para trocar o documento agora. O diretor do Instituto de Identificação da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Paroba, deixou claro: “O antigo RG continua valendo até 2032: não há necessidade de substituição imediata”. Ainda assim, a troca gradual é fortemente recomendada — especialmente para quem está entrando no mercado de trabalho, vai viajar ou teve o documento roubado.
Como funciona a nova Carteira de Identidade Nacional?
A CIN não é só um novo papel. É um sistema digital integrado. O número do CPF se torna o único identificador nacional — eliminando a confusão de números diferentes em cada estado. O documento físico traz um QR Code e um chip eletrônico que permitem autenticação segura, além de permitir o acesso à versão digital pelo app Gov.br, na aba “Meus Documentos”. Isso significa que, daqui para frente, você poderá usar seu RG no celular — sem precisar carregar o plástico.Outra mudança significativa: o nome social será exibido de forma oficial, sem distinção do nome de registro civil. Também é possível incluir informações como tipo sanguíneo e título de eleitor — dados que só aparecerão na versão digital, para proteger a privacidade. O MGI explica que essa integração é essencial: “Todas as políticas públicas terão acesso ao mesmo dado oficial de identidade do cidadão”. Imagine: ao marcar uma consulta no SUS, os dados de identificação estarão disponíveis em tempo real, independentemente de ser presencial ou virtual. No Bolsa Família ou no INSS, o mesmo sistema evitará burocracias e fraudes.
Quanto tempo dura a nova carteira? Depende da sua idade
Aqui é onde muita gente se confunde. A validade da CIN não é fixa — varia por faixa etária, e há pequenas diferenças entre os estados. Mas o Ministério da Gestão e da Integridade (MGI) estabeleceu o padrão nacional:- De 0 a 12 anos incompletos: 5 anos de validade
 - De 12 a 60 anos incompletos: 10 anos de validade
 - Acima de 60 anos: validade indeterminada
 
Em Mato Grosso do Sul e no Paraná, a regra já está sendo aplicada exatamente assim. O coordenador-Geral de Perícias da Polícia Científica de Mato Grosso do Sul, José de Anchieta Souza Silva, conta que, só no estado, são agendadas em média 1.029 pessoas por dia para emissão da CIN — e o número só cresce. “As pessoas estão percebendo a praticidade”, diz ele. “Quem já usou a versão digital não quer voltar atrás.”
Como tirar a CIN? Documentos, agendamento e custos
Para solicitar a primeira via da CIN, você precisa de:- Certidão de nascimento ou casamento (original ou cópia autenticada)
 - CPF regularizado na Receita Federal
 - Comprovante de residência atualizado, com CEP
 
O processo exige agendamento online, pelo site do órgão de identificação do seu estado. No dia marcado, você vai à unidade para tirar foto, registrar biometria e assinar digitalmente. E o mais importante: a primeira via é gratuita. O Governo Federal garantiu isso. Mas e se você perder o documento?
A segunda via tem custo — e varia de estado para estado. Entre R$ 30 e R$ 100, segundo o portal TNH1. No Paraná, em 2025, o valor é de R$ 49,31. Mas há isenções: pessoas inscritas no CadÚnico, vítimas de furto (com boletim de ocorrência), idosos e pessoas com deficiência não pagam. Além disso, é possível incluir um atestado médico ou documento oficial que comprove condição de vulnerabilidade — informação que só aparecerá na versão digital.
Por que o RG antigo não expira? E por que 2032?
É comum ouvir que “o RG vence depois de 10 anos”. Mas isso é mito. A Corregedoria-Geral da Justiça de Santa Catarina, em sua Circular nº 08/2011, esclarece: “O documento só poderá ser recusado se o tempo de expedição e/ou mau estado de conservação impossibilite a identificação da parte”. Ou seja: enquanto a foto ainda bater com a sua aparência e o documento estiver legível, ele vale — mesmo que tenha 30 anos.Então por que 2032? O MGI explica: é um prazo realista para que todos os brasileiros — especialmente os mais velhos, os que vivem em regiões remotas e os que não têm acesso fácil a tecnologia — tenham tempo de trocar sem pressa. “Não queremos criar caos. Queremos transformação”, disse um porta-voz do ministério. A ideia é que, até 2032, o sistema esteja 100% operacional, com todos os estados integrados e os cidadãos preparados.
O que muda na prática?
Na prática, a CIN vai reduzir filas, evitar erros de cadastro e unificar informações. Quem já passou por uma consulta médica e teve que repetir nome, CPF, endereço e data de nascimento — e ainda assim o sistema não reconheceu o histórico — sabe o quão frustrante é. Com a CIN, isso tende a acabar. O mesmo vale para quem precisa de benefícios sociais, acesso à educação ou até para abrir uma conta bancária.Além disso, a digitalização traz segurança. O chip e o QR Code dificultam falsificações — algo que o RG de papel, com seus selos e carimbos, nunca conseguiu combater eficientemente. “Hoje, um RG roubado pode ser usado por anos. Com a CIN, se alguém tentar clonar, o sistema detecta”, explica um especialista em segurança digital da Universidade de São Paulo.
Frequently Asked Questions
Posso usar meu RG antigo até 2032 sem problemas?
Sim. O RG tradicional continua válido até 1º de março de 2032, conforme o Decreto Federal nº 10.977/2022. Nenhum órgão pode recusá-lo enquanto ele estiver legível e a foto corresponder à sua aparência atual. Mas, a partir de 2025, muitos serviços públicos e privados já começam a priorizar a CIN — então, trocar antes evita imprevistos.
E se eu não trocar até 2032? O que acontece?
Após 1º de março de 2032, o RG tradicional deixará de ser aceito como documento de identidade oficial. Isso significa que você não poderá usar o documento para abrir conta, viajar, fazer exames médicos ou acessar benefícios públicos. Será obrigatório apresentar a CIN — física ou digital — para qualquer ato que exija identificação.
A CIN vale para todos os estados do Brasil?
Sim. A Carteira de Identidade Nacional é um documento federal, com padrão único em todo o território nacional. Independentemente do estado onde você mora, o número do CPF será seu novo RG, e os dados serão integrados em todos os sistemas públicos. A única diferença pode ser o valor da segunda via, que varia conforme a política de cada estado.
Posso incluir meu nome social mesmo se não fiz a mudança judicial?
Sim. A CIN permite incluir o nome social sem necessidade de processo judicial. Basta solicitar no momento da emissão, e o documento exibirá o nome social na frente, igual ao nome de registro. Essa é uma das maiores conquistas de direitos civis na história da identificação brasileira — e vale para todos, independentemente de orientação sexual ou identidade de gênero.
A versão digital da CIN tem a mesma validade que o documento físico?
Sim. A versão digital, acessada pelo app Gov.br, tem validade jurídica plena e pode ser usada em qualquer lugar onde o RG físico é exigido — desde que o dispositivo esteja com conexão e o QR Code seja escaneável. O chip eletrônico garante que o documento não pode ser clonado, tornando a versão digital mais segura que o papel em muitos casos.
O que fazer se eu não tiver CPF regularizado?
Você não poderá emitir a CIN sem um CPF regularizado. Se estiver em débito com a Receita Federal, é necessário regularizar primeiro — o que pode ser feito gratuitamente no site da Receita, por meio do e-CAC. Apenas após isso, o CPF será aceito como base para o novo RG. A regularização é simples: basta atualizar dados pessoais, declarar rendimentos ou pagar eventuais multas pendentes.