O acidente com um Boeing 737-800 da Jeju Air em Muan deixou 179 mortos e só dois sobreviventes. As caixas-pretas pararam de gravar quatro minutos antes do impacto, levantando dúvidas sobre a causa. Investigadores apontam suspeita de colisão com aves, mas buscam outras pistas.
Acidente da Jeju Air na Coreia do Sul: o que a caixa‑preta revelou
Em julho de 2025, um Boeing 737‑800 da Jeju Air despachou de Seul rumo a Muan e nunca chegou ao destino. O avião se decolou sem problemas, mas, poucos minutos depois, colidiu com o solo em uma área rural, matando 179 pessoas e deixando apenas dois sobreviventes. O caso ganhou destaque imediato porque, ao analisar a caixa‑preta, os investigadores perceberam que ela deixou de gravar quatro minutos antes do impacto.
O que aconteceu no voo?
O voo JN101 saiu do Aeroporto de Incheon às 12h35, com 183 passageiros a bordo. O clima estava claro e a pista de Muan estava em boas condições. Pouco depois da subida, o piloto avisou que tudo parecia normal. De repente, o avião começou a perder altitude de forma abrupta. Testemunhas no solo ouviram um forte barulho de motor seguido de um estrondo e viram o avião colidir com árvores antes de rasgar o solo.
Por que a caixa‑preta parou?
Normalmente, a caixa‑preta grava tudo até o momento da parada total dos motores. No caso da Jeju Air, o gravador parou quatro minutos antes da queda, como se fosse desligado ou danificado antes do acidente. Essa interrupção gerou dúvidas: pode ser um problema técnico, um dano causado por uma colisão com pássaros ou até mesmo uma falha de energia interna. Os especialistas ainda analisam os componentes eletrônicos para entender se houve algum curto‑circuito.
A hipótese mais comentada é a colisão com aves. Grandes bandos de aves migratórias passam pela região de Muan todo inverno, e um impacto forte pode danificar o motor ou sensores críticos, provocando perda de controle. No entanto, os investigadores encontraram poucos restos de aves no motor, o que abre espaço para outras explicações, como erro humano, mau funcionamento do sistema de voo ou até interferência externa.
Outra linha de investigação considera a possibilidade de falha no sistema de piloto automático. Se o software travou ou recebeu dados errados, o avião poderia entrar em um ângulo de descida inesperado sem que a tripulação percebesse a tempo de corrigir. As equipes de manutenção da Jeju Air ainda não confirmaram nenhum alerta desse tipo nas últimas horas de voo.
Os dois sobreviventes foram rapidamente socorridos pelos bombeiros locais. Eles relataram que, pouco antes da colisão, sentiram uma vibração forte no avião e ouviram um som de estalo. Uma das vítimas descreveu que os painéis de instrumentos começaram a dar informações confusas, o que pode indicar falha de sensores.
Além das causas técnicas, o acidente reacendeu o debate sobre a segurança das rotas domésticas na Coreia do Sul. O país tem um dos índices de tráfego aéreo mais altos da Ásia, e a pressão por horários apertados pode levar a decisões arriscadas. Organizações de aviação recomendam revisões mais rigorosas nos processos de inspeção de motores e de treinamento de pilotos para situações de emergências súbitas.
Enquanto isso, a Jeju Air publicou um comunicado afirmando que está cooperando integralmente com a comissão de investigação e que vai revisar seus procedimentos internos. A companhia também prometeu apoio às famílias das vítimas, oferecendo assistência financeira e psicológica.
Para o público, o caso serve como lembrete de que, embora voar seja seguro na maioria das vezes, eventos inesperados podem acontecer. Manter a calma e seguir as instruções da tripulação são sempre as melhores atitudes em situações de emergência.
Em resumo, o acidente da Jeju Air deixou mais perguntas do que respostas. A interrupção da gravação da caixa‑preta, a possibilidade de colisão com aves e as falhas de sistemas automatizados são as principais linhas de investigação. O relatório final deve sair nos próximos meses e, com ele, esperamos entender o que realmente causou a tragédia e como evitar que algo semelhante volte a acontecer.