Aumento do IOF é considerado erro político e econômico por Unafisco

Aumento do IOF é considerado erro político e econômico por Unafisco

Decisão de aumentar IOF enfrenta críticas e expõe impasse com auditores fiscais

O governo federal apostou em uma alta do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para compensar a queda na arrecadação em 2024, mas a medida causou ruído com entidades do setor fiscal. A Unafisco, associação nacional dos auditores da Receita Federal, taxou essa escolha como um erro duplo: político e econômico. O pano de fundo é a greve dos auditores, que já dura desde novembro de 2023 e afeta fortemente a entrada de recursos públicos.

Em uma coletiva recente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu que só R$ 5 bilhões devem entrar nos cofres públicos por meio da recuperação de tributos este ano. Em 2023, ações semelhantes haviam trazido cerca de R$ 30 bilhões. Para cobrir o buraco, o governo decidiu aumentar o IOF, apostando em uma arrecadação extra superior a R$ 20 bilhões.

O cálculo não convenceu os auditores. Kleber Cabral, vice-presidente da Unafisco, questionou essa troca: "Ao invés de olhar para dentro e resolver as questões com quem garante a cobrança de tributos, o governo prefere elevar impostos sobre a população e as empresas que já cumprem suas obrigações." Ele reforça que a estrutura técnica da Receita está sendo subutilizada justamente por conta do impasse salarial que deixa os auditores de fora das negociações de reajuste com outros servidores públicos.

Setor de importação sentiu impacto imediato do aumento

Setor de importação sentiu impacto imediato do aumento

O reajuste do IOF pegou em cheio empresas e consumidores que dependem de operações de câmbio e financiamentos. Só o setor de importações calcula prejuízos superiores a R$ 14 bilhões em função da alta do imposto. Para quem importa máquinas, eletrônicos, insumos e até medicamentos, a conta ficou mais salgada, tornando produtos finais mais caros para todos.

Enquanto o governo tenta fechar as contas do ano com receitas extras, auditores seguem parados nas atividades essenciais de fiscalização e cobrança de grandes devedores. Isso compromete operações estratégicas, como o combate à sonegação e fraudes. A Unafisco pressiona o governo a retomar negociações e valorizar os profissionais que, segundo a entidade, podem recuperar valores muito superiores ao arrecadado com o aumento do IOF.

  • IOF mais alto recai principalmente sobre empresas e consumidores com operações financeiras internacionais.
  • Recuperação de tributos por auditores trouxe três vezes mais recursos em 2023, mas previsão despencou para 2024.
  • Greve dos auditores surgiu após exclusão nas tratativas salariais do governo federal.

No centro da questão está a forma como o governo tem lidado com a arrecadação de impostos e com seu próprio quadro de profissionais. Para a Unafisco, a alternativa de buscar mais recursos aumentando a carga tributária, em vez de fortalecer o trabalho da Receita Federal, aponta para uma escolha de curto prazo com consequências diretas sobre a competitividade das empresas e o bolso dos brasileiros.

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